sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Que fique bem descrito a intensidade do azul daquele mar.
E que o sol trazia raios em tons e temperaturas que não seria possível dizer
se anunciava uma nova aurora ou mais um zenite.
E o quanto a praia era bem branca, bem extensa, e bem deserta.
Era tudo o que existia de paisagem ali, naquele cenário que exalava
paz, serenidade, tranquilidade, liberdade, e solidão.
Uma feliz solidão, e não uma solidão pesada e sombria, doente...
E a imensidão do céu permeando tudo, dava ao ar aquela certeza de proteção.
Nada poderia ser maior ou melhor que aquele momento, nada poderia sabotar
aquele momento único e individual em que o indivíduo consegue
deixar a vida apenas passar junto com os pensamentos, e assim a leveza
nos gestos e a felicidade no sorriso e nenhuma busca no olhar, apenas
o agradecimento de poder estar vendo toda aquela paisagem, egoistamente
sua, e de mais ninguém, ao menos ninguém que pudesse ser visível.
E não é que repentinamente alguém se fez visível apesar de não ser possível
distinguir perfeitamente os traços faciais? 
Mas, o que importava aquele detalhe diante da surpresa de ter alguém assim tão inesperadamente próximo? 
E isso sequer causava qualquer emoção negativa como medo ou desconfiança.
Como se aquele surgimento inexplicável tivesse o seu porque de ser e de
estar ali.
Olharam-se e logo deram-se as mãos... Ou foram as mãos que se encontraram
espontaneamente, como uma atração irresistível...
Saíram caminhando pela bera da praia, os pés recebendo as águas azuis e limpas,
Dentro do absoluto silencio era possível que lesem pensamentos mutuamente.
E ela teve certeza de ter dito que há tempos o esperava, e ele teria respondido que
há tempos a procurava... E ambos admitiam que haviam procurado em lugares e
momentos errados de suas vidas...
Sorriam como dando ponto final às desventuras e venturas da busca.
Haviam finalmente encontrado-se absolutamente fora do mundo em que vivam,
não num outro planeta semelhante à Terra, ou sequer em outro país, o lugar não estava
geograficamente situado em parte alguma, a não ser no universo paralelo criado
por almas perdidas que buscam incessantemente suas outras metades, como diria
aquele mito grego.
Partiram, ainda de mãos dadas cercados de brancas e finas areias, tons de azul
líquidos e gasosos, ao longe alguns tons esverdeados, e aquela luz deixando tudo ainda
tão mais idílico, apesar de tão próximo do real, só que tudo com mais perfeição...


[O real não é perfeito. por isso é preciso o sonho, a utopia, a fantasia... E um que de mistério
e mensagens por trás de tudo isso.]

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um belo dia, e já era uma vez...







Foi quase como um encontrão.
Mas não. Logo pareceu outro tipo de Logus.
Outra forma de se (re)aproximar usando ousar em outra forma.
Quase convenceu e foi reaberto aquele mesmo medo.
A confiança foi sendo blindada tal qual a armadura que reveste
A verdadeira identidade daquele ser.
Sim. Pensou que era a sua história sendo recomeçada.
Aquela sua história sem fim e sem meio de voltar ao início.
Resolveu apostar nos sinais sutis, mas como sempre, impacientou-se com a leviandade
em se tratando de entrega e confiança.
Mencionou bicicleta, crianças, bichos, sonhos...
Tudo para ser arrefecido na frieza da mentira ali caracterizada em espaço de herói.
Quanto mais era mostrada a realidade por trás do avatar, mais sentia a necessidade
De saber a real intenção.
Criou-se então outra tensão e os caminhos foram fechados, mais uma vez.
Era preferível assim, para não mergulhar ainda mais profundamente num sonho
sem embasamento para a vida real, sem possibilidades de vir a ser palpável
E possível.
A distância entre o que era mostrado e o que poderia ser creditado à sinceridade
era obstruída mais uma vez pela falta de confiança, mútua.

Do outro lado o medo e a omissão, sempre.
Do outro lado a covardia como campo de força impedindo a passagem para uma visualização mais próxima do vivido

Do lado de fora mais uma dor.
Mais uma constatação de que não sabe jogar com as armas que possui
E se dilui o sonho entre impotência e angústia.

E a solidão apenas confirmando que seguirá buscando um caminho para chegar ao fim, até poder esquecer o início, e tudo o que acarretou a (des)continuidade dessa história.

Envelopes sem cartas possíveis.








sábado, 16 de novembro de 2013

"Desculpe-me as complicações."
Foi a última coisa que disse antes de desaparecer no vazio off.
Não era boa em dar explicações sobre si, parecia sempre falhar
ao olhar desaprovador do outro.
Perdia-se em ramificações cada vez mais emaranhadas e era dada como vencida.
Ou melhor, perdida a oportunidade de ter mantido o silencio e toda a inocência
que neste se vê.
Mas geralmente acredita que pode ser compreendido o que é dito.
Tenta procurar palavras e formas simples.
Mas a mensagem soa truncada do outro lado e tudo desencadeia o famoso mal entendido.
Ou, o usado mal entendido como desculpa para não ter que se embaraçar mais e mais
tentando dar respostas pontuais, mas não radicais, há abertura para uma conveniente
e compreensiva nova opinião ou proposta de opção ou ideia nova, mas que esteja dentro
do contexto do que tentou explicar e não uma mera obediência.

Enfim, já estava em arrependimentos tardios demais para ter de volta a sua paz.
A decisão de isolar-se ainda mais era cada vez mais cativante para sair desse cativeiro
em que será mantida sua vida enquanto esta existir.

Sumir. É a mais aderente ideia e desejo latejante.
Sumir de andante ou de abdução.
Sumir mesmo sabendo que não sairá da vitalícia prisão.
Sumir sem mapas nem planos, nem projetos, nem ambição.
Sumir pela simples razão de querer ter vontade de manter livre seu existir.
Sumir, sem nada dizer, nada a explicar para não complicar
e não ter mais como sumir.


domingo, 10 de novembro de 2013

Não há como buscar as respostas secretas
sem expor a ordem dos detalhes determinantes.
Ou, na tentativa de camuflar detalhes perder seus reais significados.
Confundir poderia ser uma saída, mas tudo torna-se mais superficial
e mais fácil de ser devorado pelo esquecimento rompendo o contato
com o mensageiro.
As mensagens chegam em seus percursos confusos, instalam-se sem coerência
entre fatos bem reais, ou entre acontecimentos antinaturais, surreais, impossíveis.
Mas sempre há algo a ser lido, digerido, refletido até ser descifrado.
A necessidade de isolamento alastra-se, contamina decisões, e definha sonhos.
Alimenta o medo e destrói esperanças.
Um auto-boicote involuntário e cego...

Não há saída menos suicida que a auto-reclusão.
O auto-exílio como medida de auto-proteção.