terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bernard...

Tudo ardia quente e lento, apesar dos relógios gritarem em esquinas e semáforos, lentos... Vermelho... Verde... Esperas...
Dentro dele havia uma visão sem tensão alguma enquanto os dedos tamborilavam uma canção que apenas ele ouvia...
A janela abria-se também para dentro e o sol descontaminava os resíduos que invadiam o seu espaço a cada lufada de vento...
Ele cantarolava um pouco, tentando não desanimar diante das faces tão carregadas em hora tão ainda suportável, apesar da lentidão caótica.
De repente algo o fez olhar para trás, e a canção foi um pouco esquecida diante de uma nova ação que lhe tirou daquele espaço que o protegia da contaminação da necessidade de se ater ao momento mais coletivo, e ele saiu do seu individualismo.
Enquanto isso as tensões do mundo externo queimaram nas cores dos semáforos... Amarelo... Vermelho... Segue-se...

domingo, 27 de novembro de 2011

Digi.. face.

Era domingo, e nada mais além de verdades que habitavam entre outras invenções.
Havia um existir distante e constante. E um existir inconstante, mas consistente, bastava buscar.
Mas as intenções pareciam superar todos os resultados sem absolutas previsões.
As provisões eram também um álibe para conceder alguns bens meramente fisiológicos, mesmo que puritanamente isso soasse como delitos cometidos a revelia da hipocrisia que reina coroada por falsos moralismos.
Reinventando o domingo, abriu o caminho em discagens curtas e palavras intencionadas, e mais nada.
Depois, seguiu levitando em busca constante do existir distante.



sábado, 26 de novembro de 2011

Eras de Mi...

Cansava-lhe viver em traços 
correndo pelos céus 
em inconstância de nuvens, 
percebendo-as distanciadas 
aos sabores e humores 
das massas de ar, 
quentes, frias...
Traçava até alguns sonhos 
dentro de gigantescas nuvens 
que transmutavam seus percursos 
em céus por vezes quase próximos.
Sem palavras pesavam nas nuvens 
o desperdício de tantas estrelas escondidas... 
Tentava outras imagens em viagens mais terrenas, 
mas eram tantos contrapontos 
em confrontos diretos e indiretos 
com a realidade, 
sendo mais positivo 
preferir mesmo recolher-se 
a uma solidão disfarçada 
de dificuldades quase insignificantes, 
para assim permanecer 
sob a proteção dos seus mesmos sonhos 
inconfessáveis e improváveis.
Assim as Eras passavam 
em lentidão de mormaço 
sobre os céus de Mi, 
que ardia por fora 
e queimava por dentro 
tudo o que era 
em físico 
e psique.
                                               


                                                       Traz         você
                                              Atrás          de      você
                                           Trazer          tais         dores
                                         Detrás             as            flores
                                       Traz.....................................endo 
                                       pra                  zeros                os
                                         Atrasos          pos         teriores
                                            Atrás           de             você
                                              Traz          você        segui    
                                                              dores.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A Menina e o Gigante


A Menina surge
e nunca consegue
chegar muito perto
mesmo  tentando alcançar
o Gigante que vive na Nuvem.
Quer chegar perto
sem medo do desejo
infantilizado
no tamanho do gesto.
Não traz mais
sequer algum começo
apenas continua
buscando aquele abraço
dentro do espaço imenso
que a separa da realidade.
O Gigante sopra os sonhos
em direção contrária
distanciando-se sempre mais,
suspirando benevolência...
Mas sem complacência,
mantém-se na impossibilidade.
Mantém-se Nuvem.
Ela talvez nunca mesmo o alcance
e o abraço perca-se noutros sonhos,
trazidos por outros espaços.
Sim,
ela é assim
um pouco tudo
aqui e ali.
Perdida
dentro do livre
arbitra a própria
vida.
Comete.
Interroga.
Analisa.
Julga.
Condena.
Ou em risos
quase tudo
se dissolve,
o que sobra
é absolvido. 

domingo, 20 de novembro de 2011

Pala Tino Lino, o Tipo.

Com o retorno de Saturno, as apresentações eram disputadas por metro quadrado, e havia muita luminosidade focando a sua presença. Por onde andasse ou seguisse, era sugerido, compartilhado, divulgado...
Talvez esteja sendo uma aposta na suposição pensar que isso o cansava, deveras. De vera?
Deveria. Mas não, isso não o cansa. Isso o instiga a seguir, apresentando-se, mostrando-se, expondo-se, e compondo, “songs”, para “jingles”, “games”, “dancyng”, para que seja sempre mais, “compartilhado”, Ter bilhões de seguidores por todo o planeta em todas as línguas.
Mas isso é tudo Um entre parênteses em sua vida. Ele é bem mais que isso, e essa é a parte guardada para alguns raros outros Uns, que não devem passar da casa das centenas.
Instalado em seu posto de comando, criava suas “songs” para uma horda de seguidores e compartilhadores que pareciam louvá-lo hiponitizadamente maravilhados, extasiados... E, captando-o, eternizando-o, compartilhando-o com quem por ventura não estivesse ali, criando-se assim motivos para a inveja.
Plácido e confiantemente cumpria o que para si era quase uma missão. Divulgar-se, Star.
(No resto do espaço era escuridão... Um único canhão de luz sobre o Um, refletindo ao fundo mais Dois. Porém ele era o Um, para os Dois, e para os outros Tantos que ali Estavam. Em meio aquela celebrada veneração, ela não viu sentido em Estar ali. Fixou o olhar no palco, tentou absorver o que surtia de efeito sonoro de toda aquela parafernália de máquinas e gente. Nada. Deu as costas e saiu sem mais olhar para trás, pois que não havia necessidade, já vira o bastante para saber que o seu Ser, não era para Estar ali.)

sábado, 19 de novembro de 2011

Em meio à travessia, repentinamente, toda a vida da paisagem tornou-se estática, e um azul céu cobria e protegia puritanamente um corpo que já percorrera um longo trajeto por dentro do tempo, parecia ser a única vida em movimento ante a paisagem onde as vidas urgiam mesmo naquele instante em que pareciam estáticas.
Na estatura os anos já arqueavam os ombros, enevoavam os cabelos, e com um terceiro apoio os pés pisavam firmes apesar da desaceleração dos músculos, e sem mais a plena elasticidade da pele.
Os trajes traziam heranças e Histórias e os gestos seguiam a pouca clareza da visão que ainda guiava seus passos e intenções. O semblante era de um cansaço resignado que inspirava respeito, e no peito um coração marcado por tempos e tempos decorridos. Seguiu em secreta intenção compassadamente já toda direcionada. E a paisagem voltou aos movimentos do seu caos cacofônico.

Novembro

No
verbo
nobre
move
em
mero
bem
o
nervo
bom.
Ore
menor,
em
mono
novo
ermo
over.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Trovadores em versos

... Então um dos Trovadores em comédia seríssima,
num tom filosofal em harmônia com o colorido,
abrindo-lhe os olhos mais do que os ouvidos,
disse sobre o rio,
que tristemente morre no mar,
para depois  do medo
e do choque, felicitar-se
por ter renascido oceano.

Quase cai ao plano.
Porque era como uma luva de pano
batendo de leve nas faces para um novo despertar.


(Para os Corsários Inversos)
Traça metas
Mete traços
Perde coisas
Sonha pessoas
Ruins e boas
Faz conquistas
Perde pistas
Pensa poder
Tornar-se niilista...
(Coisa elitista)
Solidão pura
Mágoas sem cura
Reza em risos
Converte-se em lágrimas
Que sequer
São secretas
Nem mesmo
As sagradas.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Now...

Agora
fez-se
sombras
enconbrindo
as sobras
do que
existiu
de história
contada
em estranha
complexidade.
O que foi
mentira
ou mera
maldade
fragilizando
a fantasia
onde o real
navegava?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Recadinho

Não há trégua...
O horizonte mais uma vez
se contorce em ira.
Ria da ira.
Ela é gratuita
em comparação
aos estragos 
que em tragos
amargos
vai-se engolindo
enquanto  depara-se
de fronte para um
irado horizonte.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Age, Nyc

Havia pouco espaço, mas os dois corpos cabiam-se em comunicação e gestos de pequenas urgências e sorrisos diante dos pequenos obstáculos que faziam com que seus espaços trocassem os corpos de lugar.
De um lado, a pressa sem muita aceleração ia retocando os traços diante da própria imagem, e do outro, uma ânsia sem muita ênfase em querer higienizar-se sem que para isso fosse preciso sacrificar o momento de estar ali, quase em atropelos, tocar de leve na pele, roçando nos pelos, e perceber o apelo dos sorrisos em trocas de cordialidades, simples, simultâneas e solidárias.
E mais uma vez, outra troca toca os pontos das distâncias mínimas dos instrumentos e objetos necessários a ambos objetivos, flertes sem flash, apenas a luz amarelada e quente do espaço restrito e quase sufocante que de repente era ocupado por muitas outras urgências.
Houve a possibilidade quase furtiva do agradecimento em fresca higiene, mas não houve despedidas, a porta foi aberta, a história ficou lá dentro, enquanto a imagem continuava refletindo os retoques dos traços, um pouco urgentes, mas sem pressa,
E o outro lado, já do lado de fora da história seguiu em trajetória sem focos urgentes.

(Uma fonte...)

domingo, 6 de novembro de 2011

...não era disso que queria falar num dia de azul escaldante.
Não, mesmo.depois de ter atravessado um trajeto caótico
desde as primeiras horas da manhã até o momento em que
abriu a janela e viu que ali também havia um azul-esplendido
convidando à paz, então neutralizou a vulgaridade de outros
sons abrindo uma porta que trazia vozes e vozes, escolheu uma,
em língua estrangeira, para não misturar palavras e sentimentos
em demasiada interferência.
Parecia um belo dia para agradecer pequenos e sutis gestos,
mas em meio às palavras e sentidos, e mais o bom dia azulado
após uma queixa infantil, fez com que mudasse o destino exato
da saudação em fonte iluminada.
Ainda assim, sabia que a mensagem chegaria ao campo visual
daquele Ser  inalcançável, mas percebido em distâncias abstratas...
O dia estava no seu normal e de um azul-quase-verão a dourar a pele
e abrasar os olhos, e estava convidativo para se dizer "bom dia" ao
mesmo tempo em que se agradece por outros tons de atenções.



sábado, 5 de novembro de 2011

Alguns passos silenciosos
cruzaram a distância
e alcançaram as trevas.
Houve um instante de luz,
e depois tudo amainou.
Sob as sombras
surgiram as dúvidas
e a dádiva
quase perdeu sua essencia.


(assim mesmo, sentiu o toque)
Pois não queria continuar em estado de sangue.
Costurava as feridas ainda abertas com fios de mágoa.
Quebravam-se os pontos e tudo se expunha mostrando
a vivacidade ainda ardendo morna dentro das lembranças.
Mas procurava mergulhar em outras cores e sanar as dores
desencandeadoras de tanto vermelho que afundava sua alma
em um mundo onde predominava a escuridão como pano de fundo.
Era sábado e sem qualquer aleluia sabia-se em solidão voluntária.
Mesmo havendo ainda um pouco daquela magia em que pequenos
gestos verdes eram colhidos aqui e ali proporcionando qualquer coisa
de cura em determinados pontos agudos daquela mesma tonalidade
escalarte que escorria por dentro do abismo que separava o mundo
em que vivia, daquele em que apenas sobrevivia entre as demais
racionais criaturas.
Era sábado e desejava um isolamento mais pleno e silencioso, onde
pudesse esquecer de sangrar, e sentir-se verdadeiramente livre na sua
individualidade, na sua segregada versão de si por si, em seu direito de
Ser com o mínimo de interferências no que lhe resta de trajetória sobre
a Terra.
Nada disso era possível e se resiganara de que a cura só viria com a fatalidade.
Enquanto era sábado, sangrava misturando-se às outras tantas dores,
e tentava em outras cores mostrar-se saudável e com aptidão necessária para
que seja aceitável o seu "modus operandi" de Ser.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

E do silêncio
um intenso incêndio
devorou a dor
e esta fundiu-se em chamas
e continuou dor queimando
no silêncio do silêncio.
Havia sons diversos
e avessos ao silêncio
propagam-se nos sentidos
em variáveis percepções.
Mas o silêncio permanecia
quase inquebrável
apesar das passagens
que abriam-se
para os sons
naturais,
onomatopeícos,
humanos.
Soavam dentro do pesado
silêncio
sem demovê-lo
enquanto consumia-se
nas próprias chamas
com a dor.