domingo, 26 de junho de 2011

uma nova fase com formas e normas apenas renovadas,
como uma página nova, em branco, para recomeçar a reescrever
a mesma história, dando uma continuidade que pareça ser outra
continuação para outro percurso na direção que a vida tomou...
conseguir superar as dores e ver cores novas retocando o desejo
de continuar seguindo um caminho traçado por um destino invadido
e quiçá, modificado, deturpado, ludibriado e vencido...
tem que haver qualquer esperança de que ainda é válida a vida.
Revalidar a vida e seus dias contados e engolidos para dentro
do irreversível, mesmo sabendo que a esperança não tem poder
quando a sombra da morte torna-se luz, e apaga a vida.
vida...
cala dentro de mim.
gritam dentro de mim dores inaudíveis e inexplicáveis
aqui fora...
idas e vindas da vida, e tudo o que posso fazer é esperar que aconteça
algo de bom que cure a minha alma, assim, tão exposta...
tenho apenas alguns sonhos distantes e um sonho impossível.
quase nada há de realizável à minha frente, ao meu alcance.
estou falida, mas ainda não inválida, e isso já é uma porta
para que a tal esperança vença a desgraça e traga a mim, de volta
o que perdi de estabilidade emocional, e eu possa deveras, olhar
para trás e sorrir, e voltar a sorrir da vida, como se ela fosse apenas
uma grande aventura antes das luzes se apagarem.
estou sem vida, apenas viva o suficiente para que a grande luz não
chegue e me apague.

sábado, 25 de junho de 2011

Quase que não nasce, mas nasceu e se criou, em lutas mudas e outras sufocações, e houveram mesmo algumas fases boas em que viveu e viveu, quando livre para ser quase feliz.
Agora apenas sobrevive em suspensão. 
Um fino e frágil fio não permite a imdeiata submersão.
Enquanto isso sobrevive debatendo-se debilmente por dentro e tentando segurar-se em qualquer ponta de normalidade como se numa tábua de salvação, uma tábua podre e escorregadia.
A impotência para mostrar sua vitimização acarreta todos os sentimentos e reações negativas e a cada gesto, a tábua torna-se ainda mais escorregadia e teme perdê-la no oceano de agônias em que naufraga lentamente.
Não sabe mais o que esperar e não tem mai forças para buscar-se, então sucumbirá à paliativos, ou deixará que o frágil e fino fio enfim, parta-se e seja o fim, enfim.
Quanto tempo
mais?
Antes de maiores
dores?
No decorrer de novas
dores?
Assusta dores
o silencioso
peso
suspenso
nos sons
moturnos.
Na calada
da noite
ecoam sílabas
interrogativas
perdendo-se
para além
do alcançe
do discernimento
apenas
o conhecimento
de um sentimento
em profunda
desolação
dentro da própria
solidão
da
questão.
Quanto tempo então?

domingo, 19 de junho de 2011

Pula a fogueira Iaiá...

Será que um dia
o sol será
mais benefício
que malefício?
Um dia  todas as residências
abastecidas
por energia solar...
Energia limpa,
e gratuíta?
Não.
Apenas alguns
poderão usufruir
dessa Graça.
O custo para implantação
da captação
é politicamente alto
porque a energia
já é de Graça.
E os interesses?
E os capitais?
E os capitães?
E o Planeta que pelege
e que o Sol
cada vez mais aleje
conzinhe
a cobiça humana.
É fogo
por todos os fogos
por todos os lados
até prá pular fogueira
tem que pagar pela madeira.
E as outras madeiras
Tesouro da União
queimando
em mãos alheias.
Enquanto isso
água para gerar ação
consumos,
quilowats
waths
promoção
e remuneração.
O sol
se for o caso
fica pra o que sobrar
da germinação.

Ais em Aleluias

Ai, esse Sol
de sábado
que insiste
numa Aleluia
que soa
tão triste.
Queimando
em ardor
toda dor
do que
vai
no pensamento.
Esse Sol
de sábado
acendendo
tudo o que
queima,
arde,
apenas doendo
em sofrimento.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não 
sei
por 
que
não 
sei
como
Ter
que
Ser
para
você...
Não 
sei
por
que
tudo
que 
sei
é 
querer
apenas
Ser
para
Ter
você.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Porque era preciso voltar a caminhar
com as próprias pernas, mesmo que
usando muletas humanas para dar o passo inicial.
Era preciso voltar a ser e ter dentro do contexto social.
e era necessário sair da estagnação em que se
enclausurou para lamber as feridas, sozinha, perdida,
acuada, medrosa...
Lá fora a vida passava e por dentro sentia-se definhando.
Era preciso emergir, tomar fôlego e direção,
até alcançar terra firme sob os pés.
Insegura, claudicando numa simples decisão,
já tomada em urgência de salvação, então
bastava o gesto de dar o primeiro passo
soltando as muletas humanas, e seguir um
novo mesmo caminho até voltar de vez a si.

terça-feira, 14 de junho de 2011

sem mais
a paz
se esvai
cai frágil
num abismo
de conflitos
sem soluções...
Coisas grandes
coisas fúteis
coisas passadas
coisas presentes...
coisas.
a mente
fica tomada
obstruída
pressionada
a mente
entra
em guerra.
silenciosa
espalhando
sequelas
por todo
sistema
motor
e causando
dor.
assim
explode
expele
expande
e não
cede...
busca
resoluta
alguma
paz
e quase
nada
mais.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vespertino

Sob um céu claro sentia o vento eriçar os pelos,
então se protegeu com algodão em carmim com flores negras.
Olhou a rua tranquila e sentou observando os movimentos
nas duas direções.
Os movimentos eram lentos e o peito estava revestido
de vermelho sangue acentuando o ouro acobreado dos
pelos que lhe protegiam o crânio  e o rosto.
Passou no lado oposto e acendeu um artifício,
encobrindo um pouco a boca, inclinando a cabeça levemente.
Era jovem e havia quietude nos gestos e na fala.
Sentiu o incômodo de quem quer isolamento e levantou o corpo,
levando-o a seguir naquela mesma direção em que ele parara,
mas mantendo-se no meio da rua, e foi assim até a esquina.
Parou. Confusa indecisão sequer bifurcava as poucas opções.
Voltou, e ele já se despedia de um outro com quem conversava.
Sorveu à seco um gole de coragem e quando aproximou-se pelas costas, o abordou.
Fez um pedido, ele atendeu com um monossílabo e uma palavra.
Ouvindo a voz, desconcertou a naturalidade e falou qualquer bobagem,
agradecendo enquanto ele estendia a mão oferecendo uma droga  lícita e light.

Matinal

Amanheceu de uma noite perturbada,
e queria fugir da rotina cotidiana.
Não deu tempo e sorveu sem prazer
um café forte e mal feito, quase não comeu.
À mesa, respingavam migalhas de farpas maternais.
Acuada e sangrando um pouco, foi arisca e áspera,
apenas o suficiente para mostrar que ainda pulsava
um pouco de auto-defesa. Mas foi mal interpretada
na sua intensão, e feriu, sem querer fazê-lo.
Perdeu o desejo primeiro porque já perdera
o encanto da manhã, que ainda estava ali, 
mas ela, resignada, sentou na posição habitual
e esqueceu de si diante da tv, enquanto assistia
à ganhos, perdas, pódios, glórias, alegrias, histórias,
histerias e tristezas, tudo muito bem tecnologicamente
exibido para milhões e ela ali, tão solitária, esquecida de si.
Aceitou um Halls de cor amarela, e já tinha saboreado outro café,
forte, bem feito... Nenhuma fruta...
Voltou a si e já era início de outro turno, e o sol
queimava mais rente à derme, ardendo um pouco,
apesar do vento, então resolveu resgatar o encanto
que a manhã deixara dentro dela, e saiu com seus artifícios,
e mentindo o rumo, porque era feio dizer a verdade.
Fez aquele caminho apenas bom e já rotineiro, sentou
à sombra e abstraiu um pouco as dores, enquanto
entregava-se a caminhos que ficaram para trás, e que
só era possível refazê-los no passado guardado na memória.
Voltou abruptamente para onde estava, metida dentro de um
turbilhão de perguntas, algumas tinham respostas desconhecidas,
e outras tinham respostas que levavam à outros questionamentos,
e por não ter certeza do quanto podiam doer, preferira não buscar
muito as respostas.
Olhou seus limites no entorno feito de verdes, ferros, e crescimento desordenado,
lembrou que existia alguém e outras pessoas que precisava resgatar, uma que
precisava se manter mais próxima e outras que precisava esquecer.
Tomou fôlego e pediu forças positivas enquanto inalava o ar quase puro.
Nicotinizada, botou o Halls amarelo na boca e salivou doce-refrescante.
O corpo reclamava em pressão forte na altura do peitoral
e a boca do estômago queimava.
Hora de voltar. 
No caminho traçou planos tão incertos
que quando chegou ao portão, já eram quase descaráveis.

sábado, 11 de junho de 2011

Sempre haverá algo de podre
em todos os reinos.
Desde os tempos
do bardo britânico,
e antes, e antes dele,
e assim sempre será.
É a lei do mais forte
no processo evolutivo
de todas as espécies.
A questão então é: E daí?
Muitas coisas mudam
no mundo no decorrer
da evolução, e os reinos
acompanham as mutações
sem abrir mão da força
da sua lei,
mesmo que a lei
siga as mudanças
usando forças renováveis,
adaptáveis,
e respeitáveis.
Era para
ficar feliz?

Sem aparente
"porque"
veio uma indefinida
tristeza
e desfocou
todo o conteúdo
e com alguma
força
fez-se o propósito
de ir
até o fim.

Aos poucos
um pouco de
compreensão
e mais
um que
de ilusão
para reanimar
uma realidade
ainda em
reconstrução.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pequeno e efêmero cenário - Dia/Externa

Era apenas
uma boa manhã
em tempo de calor brando,
o sol aquecia, apenas.
Havia todo aquele
limite verdejante
e cenas pequenas, apenas.
Mas do então
surge no cenário diário
um figurante invadindo
o campo de visão,
preenchendo um trecho
entre o acaso e alguma missão.
Nos pés levava pisantes
com funcionais detalhes
em verde luminoso,
amortecendo impactos
amortece
dores...
E era apenas uma manhã
de luminosidade amena,
e o figurante entrou em cena.
Seria um acaso,
uma sequência,
apenas, a mais...
Porém, quase
foi uma consequência,
porque o figurante,
ao cruzar um limite,
quase galante,
olhou para trás.
Um pequeno susto surdo a trouxe de volta.
De onde mesmo?
Não saberia dizer sem entrar em confusos pequenos caminhos.
Agora o desequilíbrio no eixo central destoa de tudo e é difícil
específicar com clareza de fatos.
Havendo um caminho firme talvez haja a volta ao próprio eixo,
aos poucos, reparando os estragos, reciclando mensagens,
respostas, reaprendendo...
Talvez não seja tarde demais para voltar de onde está cada vez
que se ausenta da realidade em busca da sua realidade perdida,
e perde-se entre o emaranhado de caminhos que fez, ou que
poderia ter feito, ou possa ainda vir a fazer.
Nada do que vê nesses caminhos faz qualquer sentido,
mas é preciso continuar a procurar,
ou escolher...
ao menos um caminho firme, seguro
o suficiente para que nada lhe provoque
pequenos sustos em surtos surdos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Incidente

Acontece
que a loucura
teve produção
auditiva.
visual.
virtual.
gerando
pontuação
tantos
dizem "sim"
tantos
dizem "não"
e a ética
perdeu
a razão.
Na cobaia
foi sugestionada
a alucinação
e a mente
surtou dentro
de uma loucura
delimitada
ora por medo
ora por razão.
Algo falhou
na elaboração
ou não produção
sabotando
a finalização
e não foi
na loucura,
foi na
razão.
Tinha
uma linha
dividindo
os caminhos
da vida
que era
só minha.
Tinha...
Houve instantes
em que
os sonhos
distantes
fizeram-se
constantes
e ali
fui feliz.
Tinha
uma
linha...
e era
em
neón.

Sarando...

A Loba agora ainda sangra,
e lambe as feridas que ainda sangram,
abertas em combate
violento e desvantajoso.
Ela, livre, quis manter-se livre,
mesmo aprisionada numa rede
de sordidez e covardias.
Não saiu vencida,
mas para o resto da sua sobrevivência
carregará as cicatrizes.
Por enquanto ainda sangra,
e abatida, lambe as feridas,
e tenta recuperar a agilidade,
a auto-estima e a confiança,
quase tudo aniquilado.
A loba lambe lenta as feridas,
enquanto prepara
a hora de voltar,
ainda mais ferina.

Não. Melhor...

mergulhar
              no
si
lên
cio
no profundo
               do
si
lên
cio
pensamento
                   mudo
per
corre
                   tudo
indo e voltando
trazendo e levando
                     tudo
                     mudo
Apenas
      no  meu  mundo
o pensamento
num soar
ensurdece
dor
di la ce ran do
                     tudo
revoltando
              a
                      dor.

Interpretações III - Ser Tendo

Incentivo íntimo

Boa menina.
Olhou para as mãos e se convenceu
de que não perdera exatamente tudo.
Então, mesmo sem impulso
deu um passo trôpego, adiante.
Ainda cambaleante pisou
tentando firmar alguma determinação.
Repetiu em volume audível,
"vou conseguir".
E lembrando uma balada antiga,
até cantarolou um pouco...
Ânimo em distração mínima.
Boa menina.
Agora que saiu da inércia
os caminhos podem surgir,
mostrando outras portas.
E quem sabe assim
a dor possa deixar de ser abissal?
E quem sabe assim surgirá
um fim e algumas respostas mortas?

domingo, 5 de junho de 2011

Propositalmente

Entra.
Permite sem prós.
Entra na mente,
permeia em "post"
neste tipo,
nesta estima.
a proposta:
Os nomes prostam a presa.
Listas, leis,
torpes normas.
Promete mapa a esmo.
No riso o ermo
tal pista, pisa
no ato da prosa.
O resto.
a estrela, atenta
a nota, o astro,
sem sinal, sim, o sol,
atento, lento, rente,
preste ao termo,
temer um tipo,
num total alento,
a rosa, lenta, sente.
Entre...

Contemporanea

Notem,
rama a trama
no cerne do corpo.
O trono compra
a mente.
Torna a córnea
em norte
na têmpora,
no tempo
compor o amor
contra a mera carne
rompe com a eterna
rapta a terna
comporta a arca
mora na porta
em pranto no topo
pronta no porte
para cear,
crente, canta
contará
por
mar.