quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
...lêncio...
Lançou-se para dentro de si
mesmo que precisasse estar sempre em retornos...
Os olhos tentavam ignorar o mundo externo numa extrema
atitude de preservação de si...
Nenhum lugar para onde ir esconder-se de ser a não ser para dentro do seu
próprio e individual ser...
Alguns sinais de tão perniciosos tornavam-se patéticos e duvidosos e era preciso
uma rota de fuga para salvaguardar o que ainda restava de unicamente seu.

E o único caminho possível só poderia ser traçado pelo silêncio.

Entrar em mutismo com o mundo pernicioso o suficiente para salvar
sua luta por uma mera sobrevivência digna e engolir à seco ou sob efeitos artificiais
os muitos e mais males que cercavam seus caminhos, todos os seus caminhos marginalizados
pela falsa moral e conceitos de intenções saudáveis em prol da manutenção de todas as máscaras
que em algumas das muitas das suas falas ousou arrancar.

Então a sua única salvação era a negação à liberdade de querer expressar qualquer mínima opinião, qualquer que fosse, a respeito de qualquer um ou qualquer assunto...

Teria que mutilar o dom da fala mantendo apenas o suficiente para comunicar necessidades
ou explodir em variantes de emoções.

Isso acarretaria cada vez mais e mais a solidão como instinto de auto preservação...

Permitia-se visualizar o horror futuro estampado em trapos e calçadas, restos de comida, cobertores de papelão, a fuligem caótica misturada ao suor impregnado de necessidades básicas e humilhações,
e a invisibilidade causada pela deformação de não pertencer ao que a normalidade do sistema
impõe como correto, produtivo e valoroso aos sócios cegos em suas convicções de retidão.

Um conto de Natal.

Queixava-se na sua intensa e quase proposital solidão,
de questões materiais que maculavam a data tão festejada e festejada,
e quase em nada levada ao íntimo e ao verdadeiro significado.
E essa era uma forma de solidão sentida por poucos mundo à fora àquela hora.
E de súbito percebeu que em um ato falho fez um talho na sua convicção.
Sentiu-se humilhada e hipócrita ao mesmo tempo em que condenava-se à tortura
de censurar-se por sentir que aquele tipo de contaminação também estaria
um pouco arraigado à sua vida sem muitos alcances e quase nenhuma perspectiva
positiva para os próximos dias em agonias que só a si pertencia.
Lá fora a festa escorria entre goles etílicos e sabores diversos.
E sabia que em alguns lugares aquela cumplicidade espiritual até resistia
aos encantos de luzes e consumos, ia além da alegria da satisfação física.
E em alguns lugares os lares estavam preservados em sua essência fraterna
e isso consolava um pouco, aplacando a tristeza sua e somente sua de não possuir
nem uma coisa qualquer que invadisse o vazio em que havia mergulhado a sua
boa vontade em acreditar que talvez pudesse ser diferente e ao estar em meio a sua
gente sentir-se realmente em companhia do espírito natalino.
Nada aconteceu. Preencheu a noite com o sono encantador de dores e frustrações,
e deixou-se cair no abismo do impenetrável, até outro dia trazer o sol e as condições
para permanecer sobrevivendo a si e ao que existe de humanidade ao seu redor.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Bom dia...
Em cinzas opacas uma ocupação alaranjada.
E mais nada..
É possível que o silêncio
aos poucos esteja soterrando
o amor para dentro do vazio.
Talvez seja até saudável
deixar que tudo caia em esquecimento,
até que o sentimento
seja apenas um ponto frio.
Sem fio condutor,
sem qualquer calor...
Apenas o amor em desvario
morrendo, sozinho, tardio...

Um belo dia cinza opaco...
Em vermelho fechado
segue um apelo fraco...

sábado, 7 de dezembro de 2013

Havia pouco espaço, mas os dois corpos cabiam-se em comunicação e gestos de pequenas urgências e sorrisos diante dos pequenos obstáculos que faziam com que seus espaços trocassem os corpos de lugar.
De um lado, a pressa sem muita aceleração ia retocando os traços diante da própria imagem, e do outro, uma ânsia sem muita ênfase em querer higienizar-se sem que para isso fosse preciso sacrificar o momento de estar ali, quase em atropelos, tocar de leve na pele, roçando nos pelos, e perceber o apelo dos sorrisos em trocas de cordialidades, simples, simultâneas e solidárias.

E mais uma vez, outra troca toca os pontos das distâncias mínimas dos instrumentos e objetos necessários a ambos objetivos, flertes sem flash, apenas a luz amarelada e quente do espaço restrito e quase sufocante que de repente era ocupado por muitas outras urgências.

Houve a possibilidade quase furtiva do agradecimento em fresca higiene, mas não houve despedidas, a porta foi aberta, a história ficou lá dentro, enquanto a imagem continuava refletindo os retoques dos traços, um pouco urgentes, mas sem pressa,

E o outro lado, já do lado de fora da história seguiu em trajetória sem focos urgentes.