terça-feira, 29 de abril de 2014

Aquela, a Tal e Naquela.



Aquela que já não é, estava presente. E em silêncio, assistia a tudo no seu costumeiro observar analítico e crítico.

A Tal que pensa que está e já não é, lastimava a interferência na sua história forçada e calcada em pontos que poderiam ser sólidos, mas mostravam-se frágeis perante outras histórias que há bastante tempo já se desenvolviam em harmonia apesar das imperfeições.

A Tal entulhava roupas numa mala pequena demais para tantas peças, e não parava de queixar-se e por as suas culpas e frustrações Naquela que apenas era mais uma peça no quebra-cabeça torto de sua vida incompleta.

Havia um burburinho vindo de outros cômodos do ambiente e Aquela que já não é continuava apenas a observar sem poder mesmo em nada interferir, apenas manter-se imóvel na sua incapacidade de interagir e agir a favor ou contra o que se passava.

Apesar de tudo o ambiente não era tenso e por mais que a Tal fizesse seu papel de vítima, ninguém se movia em atenção às suas queixas...

A Tal continuava a por roupas na pequena mala que não seria fechada, e talvez não fosse mesmo levada dali para outro lugar, porque não havia essa intenção, era tudo uma mera encenação para ilustrar o que era verbalizado de maneira que surgisse algum pedido para que a Tal permanecesse ali.

Mas, além da voz da Tal em suas lamúrias, o que se ouvia eram os sons rotineiros do lugar.

Aquela permanecia figurativa na sua presença, porque já não era, e apenas permanecia na memória dos que não a esqueceriam.

Ademais, tudo permanecia como sempre esteve. Os personagens em seus devidos lugares e as histórias transcorrendo, e nada seria realmente modificado, por mais que a Tal ameaçasse partir, por causa da presença, mesmo que inconstante, do seu Alvo que continuava focado Naquela.

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