domingo, 17 de julho de 2011

Lara.

Sentia-se bem e o corpo estava solto dentro de um vestido de malha fina e fria.
O vestido era largo em decote qual canoa atravessando o colo.
Sentia-se livre e podia usufruir de tanta liberdade dentro de algodões,
trazia uma estrutura física leve, não à base de normas e conceitos, e sim à base de vulnerabilidade orgânica.
Mas o que importa é que esteticamente podia abusar de cores, estampas e larguras.
O corpo miúdo e pouco, não fazia peso dentro do modelo que o moldava um pouco a cada sopro de vento contrário, demarcando contornos quase íntimos.
Percorria ruas e deixava-se tomar de satisfação pessoal.
Respirava tranquila e transpirava algumas novas vontades que exalavam sutis desejos.
Queria apenas estar naquele momento em que o corpo sentia o deslizar da trama na pele, e buscar distanciar-se de fobias e neuras enquanto apreciava a estabilidade da mente e a liberdade do seu corpo.
Podia.
Ao menos naquele instante era tudo o que podia, e esse poder a impulsionava para adiante e além de meras perspectivas boas e ruins.
Podia desfrutar do seu estilo todo seu e raramente afetado por modismos e outras perfumarias.
Podia ser livre.
Podia.
Apenas naquele instante em que revestia-se de pink em detalhes de violeta e musgo.
Quando deu as últimas passadas, atravessou para dentro daquela realidade onde a mente sentia-se pesada e desconfortável.
Tentou abstrair-se dali, mas o vestido tornou-se inadequado, então vestiu outro figurino, e já era outro sentimento para seguir o dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário