domingo, 24 de julho de 2011

Para mais Um...

Então deu um último trago sem terminar o branco,
e disse de si para si:
_Foda-se!
Mesmo sabendo, sentindo, aquela pontada no peito
cheio de resignação, mais do que convicção ou determinação.
Porque, por mais que dissesse "Não." sentia-se dentro do jogo.
E convencia-se superficialmente de que não sabia jogar, e no âmago
sabia que estava exatamente fazendo o jogo do qual não queria participar.
Não adiantaria não ser hipócrita e dissimular verdades guardando apenas
em seu self a sua verdade inteira e livre.
Não usaria drogas para pensar igual e normal dentro do contexto exigido
por Leis e costumes, precisava proteger a sua crença por mais inadmissível que fosse.
Só a hipocrisia em alguns muitos casos salva o raciocínio de não ser levado
à categoria animal de irracional.
Mas, e quando não se consegue ser hipócrita o tempo todo, quando não
se concorda em podar-se a própria liberdade de Ser e Estar apenas para
ter direito ao respeito e não se ver ferida a dignidade na sua condição mais humana?
Afinal de contas, e o livre arbítrio?
O preço era alto e sentia-se mais em miséria de si naufragando  num oceano
de incompreenções e compensações pesadas.
Por isso passou a apertar cada vez com mais frequência o sinal vermelho
do "Foda-se!", mesmo sentindo no íntimo um ínfimo de resignação.
Seguiria os caminhos fatais, jogando enquanto fingia não saber querer jogar,
e um dia, enfim chegaria o temível e inesperado "Game Over",
mas teria Sido e Estado, a seu jeito e anormalidade, mais uma anomalia social.

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