Primeiro estava num quarto escuro que amplificava o medo trazido na solidão do ato.
Apesar de saber que havia outra pessoa com ela,
e que ela precisava fazê-la partir,
e mais uma outra pessoa ali.
A pessoa com ela, ainda não podia ver,
e uma outra pessoa que ela não queria ver os traços.
Mesmo assim, há uma imensa solidão pesando sobre a sua escolha.
Está escuro e o metal gelado adentra seu corpo rígido.
Não sente mais nada além do incômodo contato das carnes
quentes com o objeto frio.
O gesto frio e quase mecânico das outras mãos.
Sai à rua com aquela pessoa ainda consigo,
e então, outras mãos em via pública a espancaram, e ela começou a sangrar.
Depois num outro quarto claro a frieza das paredes estampada nas
várias faces que vinham, viam e avaliavam, sem nenhuma dor aliviar.
E ao anoitecer mais uma face em semblante grave negou qualquer
salvação. O sangue estancou um pouco, um profundo alívio enfranqueceu
de vez o corpo e ela mergulhou num sono dosado para maior.
Aquela pessoa não estava mais com ela. Partiu.
No terceiro quarto habitava também o pânico e um outro tipo de solidão.
Precisava de companhia.
Ganhou um passarinho.
O passarinho preso era triste e só.
Numa dessas noites de pânico ela não tem certeza se dormiu.
O passarinho, triste e só, não amanheceu... ali mesmo, na gaiola, sucumbiu.
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