segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Tudo combinado... Nada combinando...



Seria mais uma fatalidade do acaso.
O dia trazia o  azul em uma oitava a menos que o tom do algodão sobre o corpo mirrado.
O grande Truck que invadia veloz o seu campo de visão tinha em tom metálico uma das cores que em nylon cobriam e protegiam a cabeça e a mente.
Era um dia onde havia já muito saindo do amarelo que vertia-se banhando e sufocando aquela parte do Mundo.
A visão invadida por aquele Truck naquele momento foi formando o quadro a quadro do próximo segundo.
E foi quando examinando mais objetivamente o cenário, que todo o resto do que poderia vir a ser a próxima cena se antecipou em detalhes vertiginosamente verídicos.
Os pneus negros do Truck tinham a rotação exata e era possível calcular distâncias e dimensões.
Bastava agora apenas ouvir-se dizer “Ação!”.
Foram precisos seis pequenos passos oblíquos e tudo que se ouviu de sonoplastia foi um surdo choque, além dos gritos de alguns figurantes surpreendidos pelo impacto da cena em si.
Os olhares cortaram imediatamente para o azul em parte do corpo mirrado que dilacerado repousava inerte sob os negros pneus do pesado Truck e muito vermelho sobre o negro asfalto. Um contraste perfeito, pesos e medidas, e todos os objetos de cena, ali, parecendo deliberadamente, espalhados.
Ainda havia o azul em luz e o algodão azul pousado na sombra, um azul inerte e escuro vestindo um corpo mirrado e esmagado sob os pneus do Truck pesado.
Tudo tão combinando.
O dia claro.
Parecia coisa combinada.

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