sábado, 5 de novembro de 2011

Pois não queria continuar em estado de sangue.
Costurava as feridas ainda abertas com fios de mágoa.
Quebravam-se os pontos e tudo se expunha mostrando
a vivacidade ainda ardendo morna dentro das lembranças.
Mas procurava mergulhar em outras cores e sanar as dores
desencandeadoras de tanto vermelho que afundava sua alma
em um mundo onde predominava a escuridão como pano de fundo.
Era sábado e sem qualquer aleluia sabia-se em solidão voluntária.
Mesmo havendo ainda um pouco daquela magia em que pequenos
gestos verdes eram colhidos aqui e ali proporcionando qualquer coisa
de cura em determinados pontos agudos daquela mesma tonalidade
escalarte que escorria por dentro do abismo que separava o mundo
em que vivia, daquele em que apenas sobrevivia entre as demais
racionais criaturas.
Era sábado e desejava um isolamento mais pleno e silencioso, onde
pudesse esquecer de sangrar, e sentir-se verdadeiramente livre na sua
individualidade, na sua segregada versão de si por si, em seu direito de
Ser com o mínimo de interferências no que lhe resta de trajetória sobre
a Terra.
Nada disso era possível e se resiganara de que a cura só viria com a fatalidade.
Enquanto era sábado, sangrava misturando-se às outras tantas dores,
e tentava em outras cores mostrar-se saudável e com aptidão necessária para
que seja aceitável o seu "modus operandi" de Ser.

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