segunda-feira, 13 de junho de 2011

Vespertino

Sob um céu claro sentia o vento eriçar os pelos,
então se protegeu com algodão em carmim com flores negras.
Olhou a rua tranquila e sentou observando os movimentos
nas duas direções.
Os movimentos eram lentos e o peito estava revestido
de vermelho sangue acentuando o ouro acobreado dos
pelos que lhe protegiam o crânio  e o rosto.
Passou no lado oposto e acendeu um artifício,
encobrindo um pouco a boca, inclinando a cabeça levemente.
Era jovem e havia quietude nos gestos e na fala.
Sentiu o incômodo de quem quer isolamento e levantou o corpo,
levando-o a seguir naquela mesma direção em que ele parara,
mas mantendo-se no meio da rua, e foi assim até a esquina.
Parou. Confusa indecisão sequer bifurcava as poucas opções.
Voltou, e ele já se despedia de um outro com quem conversava.
Sorveu à seco um gole de coragem e quando aproximou-se pelas costas, o abordou.
Fez um pedido, ele atendeu com um monossílabo e uma palavra.
Ouvindo a voz, desconcertou a naturalidade e falou qualquer bobagem,
agradecendo enquanto ele estendia a mão oferecendo uma droga  lícita e light.

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